quarta-feira, 23 de junho de 2010

a menina de seis braços

                                                          Lilian Goulart - naquin s/ papel

Hoje me disseram que não posso ser tão doce...
Não entendi bem, mas fiquei estranha com aquela observação. Daí perguntei à primeira pessoa que encontrei, se aquilo procedia, a resposta deu a entender que realmente, pelas minhas cobranças, minha "doçura" passa.
Ok, quero ser salgada, azeda, amarga... menos doce!
Engraçado, hoje desenhei uma menina com seis braços, cada braço ocupado com alguma coisa... não pensei muito pra fazer, mas do braço que segurava um coração, a linha arrebentou. Ela amarrou a linha no antebraço, pra ver se não perdia, mas não adiantou, o coração vai pra longe dela.
A liberdade estava lá, uma borboleta que vai levá-la pra não sei onde, longe... porque será que dessa linha nasceu uma flor, mas o amor... plaft... arrebentou?
Ando gostando das pessoas desconhecidas que encontro pelas ruas. Esses dias, dois homens, que acredito eu moravam nas ruas, estavam almoçando sentados na calçada. Olhei pra eles bem na hora e um deles me chamou pra comer com eles. Eu disse: "Bom apetite!" Foi o bastante para o outro insistir para que eu me sentasse ali com eles pra... nem almoçar, mas para ser doce... eu disse: "já almocei, outra hora a gente almoça"... e fui embora.
Duvido se esses reclamariam a docilidade de outrem.

Lilian Goulart
Gyn, 22/07/2010

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