quarta-feira, 7 de julho de 2010

                                     texto: Álvaro Alves de Faria/ ilustração: Lilian Goulart


As estrelas que vivem na minha cabeça explodiram. São todas estrelas cadentes. Perdi as luas que eu costumava trazer no bolso. E os dois pés de margaridas que eu tinha no coração. O girassol da mão esquerda desapareceu com meus dedos. As aves tristes que habitavam minhas igrejas voaram para sempre. Resta-me agora apenas um espanto com o qual não sei lhe dar. Sou um espantalho vivo diante dos corvos escondidos nas nuvens. Tento guardar os trigais. Tenho ainda duas pequenas pedras azuis. E um casaco sem bolso. De forma que vou me ausentar um pouco, porque também me faltam as palavras. Falta-me o ar. O chão. Sinto falta de mim.



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